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segunda-feira, março 26, 2012

O papel Japonês Washi!

O designer e artista Enrique Rodríguez  é um apaixonado por papel. Esta paixão resultou em um trabalho raro e sofisticado que exalta e transforma o papel em obra de arte. Camadas, recortes e uma delicada intervenção manual transformam o plano bi-dimensional em tri-dimensional. Ele denomina esta técnica  ARQUITETURA DE PAPEL. O resultado são obras artísticas moduladas em formatos que podem ser verticais, horizontais, retangulares ou quadrados. Além dos painéis para parede o artista cria divisórias suspensas, jardineiras e cadeiras- esculturas. A linha branca batizada de Butterfly (inspirada na ópera homônima) exalta a delicadeza do papel num desenho orgânico detalhado e delicado que é uma fiel tradução da obra de Puccini. Confira algumas imagens destes trabalhos:
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O Washi é um dos matérias explorado por Enrique Rodríguez. Matéria prima de rara beleza e produzida artesanalmente no Japão.
Washi
É a palavra japonesa para os papéis tradicionais, feitos a partir das fibras longas do interior de três plantas. wa (significado: japoneses) e shi (significado: papel). Esta técnica artesanal está desaparecendo, e como no resto do mundo, no Japão estão utilizando máquinas de produzir papel de aparência semelhante que têm qualidades muito diferentes de washi autêntico. A partir de 2008, restavam menos de 350 famílias que ainda se dedicam à produção de papel à mão.
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Amostras de folha de Washi delicadas e raras.
Um Pouco da história do Papel Japonês.
Originalmente criado na China no primeiro século, a arte foi trazida para o Japão em 610 dC por monges budistas que produziram para a escrita de sutras. Até o ano 800, a habilidade do Japão na fabricação de papel foi inigualável, e a partir destes primórdios vieram papéis inacreditáveis em sua gama de cor, textura e design. Somente depois do  século 13 que o conhecimento da fabricação de papel chegou à Europa - 600 anos depois que os japoneses começaram a produzi-lo.
Até o final de 1800, havia no Japão mais de 100.000 famílias que ganhavam o sustento com a fabricação de papel feito à mão. Com a introdução na Europa da tecnologia de fabricação de papel industrializado e a procura por papéis de gravura francesa, a produção caiu e no inicio dos anos 80 apenas 479 famílias papeleiras permaneciam e davam continuidade a arte. Hoje, as poucas famílias restantes lutam para competir no mercado mundial com papéis artesanais da Índia, Tailândia e Nepal, onde um menor custo de vida torna possível produzir papéis mais baratos.
Matérias-Primas
As fibras de três plantas, todas nativas do Japão, são usados ​​principalmente na produção do Washi.
Kozo (papel de amora) é dito ser o elemento masculino, o protetor, grosso e forte. É a fibra mais  utilizada, por ser a mais forte. É cultivada pelos japoneses, se regenera anualmente, de forma que nenhuma floresta se esgota no processo.
Mitsumata é o "elemento feminino": gracioso, delicado, suave e modesto. Mitsumata leva mais tempo para crescer e é, assim, um papel mais caro. Ela é originária do Japão e também é cultivada pelos japoneses.
Gampi foi a primeira e é considerada a mais nobre das fibras, conhecida pela sua riqueza, dignidade e longevidade. Ela tem um brilho requintado natural, e é muitas vezes feita em tecidos muito finos usados ​​na conservação de livros e chine-collé gravura.
Outras fibras de cânhamo, tais como, abacá, rayon, crina, prata ou folhas de ouro são algumas vezes utilizadas para a fabricação de papel ou misturadas com outras fibras para efeito decorativo.
Métodos de Produção
Ramos do arbusto (kozo, gampi ou Mitsumata) são aparados e molhados, a casca externa é removida, a casca flexível resistente no interior é laboriosamente separada, limpa é macerada. A adição de fibras trituradas    formando uma solução líquida, combinada com tororo-aoi (raiz de hibisco fermentado) como uma mucilagem, produz uma substância pastosa. É essa "pasta" que é uniformemente espalhada sobre uma tela de malha de bambu (chamado de su ) para formar cada folha de papel. As folhas são empilhadas molhadas, e depois colocadas para secar em madeira ao sol ou em ambientes fechados em um secador quente.
Veja um vídeo que mostra o processo

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